STONE : UNE CRITIQUE CINEMATOGRAPHIQUE DE L' AMI DUARTE
Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2010
Stoned

E um filme pelo elenco?
Mesmo que as prestações dos actores sejam muito boas, é algo que só por si não basta para que o conjunto de elementos que constituem uma obra cinematográfica funcione.
“Stone – Ninguém é Inocente” é uma demonstração prática disso.
O cartaz anuncia três estrelas de peso: Robert De Niro, Edward Norton e Milla Jovovich.
A frase promocional aumenta-nos a curiosidade ao dizer que: “Algumas pessoas contam mentiras. Outras vivem-nas.” O ‘trailer’ faz-nos esperar um ‘thriller’ movimentado, que nunca chega a acontecer. De início, a coisa promete.
Ficamos a saber que há em Jack Mabry (Robert De Niro) um lado sombrio que contrasta com o agente de liberdade condicional à beira da reforma, com a imagem de funcionário e cidadão exemplar, que trabalha num estabelecimento prisional.
A sua rigidez inabalável e o controlo do seu poder de decidir a quem pode abrir as portas para a liberdade antecipada vão ser postas em causa por Gerald Creeson (Edward Norton) – que anuncia prontamente que preferem que o tratem por “Stone”.
O primeiro encontro entre ambos é um diálogo simplesmente formidável.
Vendo que dificilmente convencerá Mabry a libertá-lo, “Stone” faz com que a sua mulher Lucetta (Milla Jovovich) o seduza e isso vai libertar um jogo de enganos, intenções cifradas e passados ocultos. Como referi, de início parece que estamos a ver um ‘thriller’, mas o filme depressa parece tornar-se um exercício psicológico, para enveredar por um caminho metafísico, com uma tentativa de drama sobre o sentido da vida e a presença divina.
O pior é que a realização reflecte esta confusa evolução, com uma construção atabalhoada e um ritmo incerto. Voltando às representações, tenho que dizer que nos papéis principais estão dois dos actores norte-americanos, de diferentes gerações, que mais aprecio.
O velho mestre De Niro continua em grande forma e apesar de tudo consegue proporcionar momentos maravilhosos, dos simples olhares aos estados de irritação.
É incrível como consegue acrescentar sempre qualquer coisa às personagens.
Não se limita a encarná-las, mas a conferir-lhes algo de próprio, que conseguimos identificar. Por outro lado, Norton parece inicialmente uma antítese de Derek, o ‘skinhead’ de “América Proibida” (1998), também encarcerado.
Desta vez é aquilo a que se chama (não simpaticamente) um ‘wigger’, ou seja um branco que se comporta como um negro, no vestir, no falar, no agir.
Fenómeno que se espalhou dos EUA para o resto do Ocidente, tem no Michigan – estado onde se desenrola a acção deste filme –, especialmente em Detroit, grande incidência.
É nestes opostos que se distingue, acima da capacidade, o talento de um actor. “Stone”, pelo nome, podia ser uma pedrada, mas infelizmente pouco mais é que um inerte.
[publicado na secção CineMais da edição desta semana de «O Diabo»]
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